Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
-- Perdida voz que entre as mais se exila,
-- Festões de som dissimulando a hora
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém... Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
segunda-feira, 20 de abril de 2015
#36 - AO LONGE OS BARCOS DE FLORES, Camilo Pessanha
segunda-feira, 13 de abril de 2015
#35 - ALLEGRO, Thomas Tranströmer
Toco Haydn depois de um dia infeliz
Experimento nas mãos um suave ardor.
As teclas obedecem. Batem brandos martelos.
A tonalidade é verde, viva, aprazível.
A tonalidade diz que a liberdade existe
E que alguém se nega a pagar imposto ao imperador.
Meto as mãos nos meus bolsos-haydn
E faço de conta que encaro o mundo com calma.
Iço depois a bandeira-haydn, que significa:
"Nós não nos rendemos, mas queremos paz."
Experimento nas mãos um suave ardor.
As teclas obedecem. Batem brandos martelos.
A tonalidade é verde, viva, aprazível.
A tonalidade diz que a liberdade existe
E que alguém se nega a pagar imposto ao imperador.
Meto as mãos nos meus bolsos-haydn
E faço de conta que encaro o mundo com calma.
Iço depois a bandeira-haydn, que significa:
"Nós não nos rendemos, mas queremos paz."
(versão de Alexandre Pastor)
Subscrever:
Mensagens (Atom)